Não podemos nos esquecer de quem luta. 10 metroviários são readmitidos

Por Patricia Iglecio

Após greve do metrô em junho, 42 funcionários ficaram sem emprego, mas a categoria permaneceu mobilizada

metroviários_Foto: Sindicato dos Metroviários

Pouco antes da realização da Copa do mundo no Brasil, os metroviários realizaram uma greve histórica em São Paulo. Foram cinco dias de paralisação da categoria, entre os dias 5 e 9 de junho. Como resultado, 42 funcionários, todos ligados ao sindicato, foram demitidos no dia 10. Nesta quarta-feira (27), a 34ª Vara do Trabalho de São Paulo concedeu uma liminar para a readmissão de dez desses trabalhadores.

São eles: Alex Santana, Camila Ribeiro Lisboa, Fábio José  Bosco, Isaac Souza de Miranda, João da Silva, Marcelino de Paula, Marcelo Alves de Oliveira, Marcelo Xavier Bovo , Raimundo Borges Cordeiro de Almeida Filho  e Raquel Barbosa Amorim.

Um mês após a paralisação, dois metroviários já haviam sido reintegrados, pois os diretores do metrô afirmaram que, no caso deles, a demissão foi um engano. O sindicato da categoria manteve-se lutando durante esse período, com a realização de manifestações, assembleias e encaminhamento de processos judiciais.

A Revista Vaidapé acompanhou a greve e entrevistou Altino dos Prazeres Junior, o presidente dos sindicalistas. Na época, ele afirmou que a mobilização não iria acabar até que todos os metroviários tivessem seus empregos de volta. Dito e feito: 12 trabalhadores foram reintegrados e a luta continua. “Nós temos força tanto na mobilização pela readmissão, quanto juridicamente. Porque juridicamente, as demissões não fazem sentido. Essa é a nossa prioridade agora”, dizia Altino.

Apesar de a mídia ter repercutido a greve, de maneira negativa, esqueceu de tratar da vida daqueles que ficaram sem emprego ao reivindicar melhores condições de trabalho e um metrô de qualidade. Os grevistas se uniram e firmaram acordo em que o sindicato iria sustentar os demitidos. “Nós vamos pedir dinheiro para a categoria, nenhum pai de família vai ficar desamparado”, afirmou o presidente do sindicato.

O governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sempre afirmou a legitimidade das demissões. A posição do governador conflita com o direito a greve, supostamente presente em uma sociedade democrática.

Para o movimento é uma grande vitória, mas até que todos os trabalhadores sejam reintegrados a mobilização vai permanecer.

Repressão

Vale lembrar que duas manifestações durante a paralisação dos metroviários foram marcadas por brutalidade policial. A primeira, no metrô Ana Rosa, no dia 6 de junho, segundo dia de greve. A Polícia Militar reprimiu, duramente, mais de 100 trabalhadores que organizavam piquete no pátio da estação Ana Rosa. A Tropa de Choque e usou bombas, gás lacrimogêneo, cassetetes e prendeu um dos grevistas.

O outro protesto dos metroviários, no dia 12 de junho, abertura da Copa do Mundo em São Paulo, nem se quer pode acontecer. Antes mesmos que os manifestantes pudessem sair nas ruas para marchar, a PM cercou cerca de 1500 pessoas dentro da quadra do Sindicato dos Metroviários, em Itaquera, na zona leste de SP. Mais uma vez: bombas e cassetetes. O ato pretendia denunciar a arbitrariedade das demissões e acabou evidenciando um verdadeiro estado de exceção.

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